Possuindo uma área ocupada de 877.575 m², segundo dados de 1999 do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos (IPP – RJ), a Rocinha já foi considerada a maior favela da América Latina. Novos números têm sido contabilizados e muitas contradições ainda persistem (ver Rocinha em números). Através da Lei 1995 de 18 de julho de 1993, a Rocinha foi transformada em bairro. Essa nova nomenclatura não foi acompanhada da realização de obras para melhorar a situação urbanística da comunidade. Localizada entre dois dos bairros com IPTUs mais altos do Rio de Janeiro, Gávea e São Conrado, a proximidade com as residências de classe média alta desses bairros cria um profundo contraste urbano na paisagem da região.
Atualmente a Rocinha está dividida nas seguintes áreas: Via Ápia, Caminho do Boiadeiro e Bairro Barcelos, Vila Verde e Vila Trampolim, localizadas na parte mais baixa do morro, próximo ao bairro de São Conrado; as áreas 199 e Vila Cruzado, localizadas próximas ao bairro da Gávea; Roupa Suja e Macega, situadas próximas a enorme pedra que separa a Rocinha do Vidigal (localizada em área de risco e dentro do ecolimite); Rua 3 e Rua 4, localizadas na parte central, juntamente com as áreas denominadas Cachopa, Dionéia e Paula Brito; e por fim, Rua 1 e Rua 2, localizadas na parte alta do morro, e ainda acima destas, o Laboriaux.
SURGIMENTO E EXPANSÃO
A Rocinha teve sua origem no final da década de 1920, quando era uma enorme fazenda de café. No princípio suas terras foram divididas em grandes glebas para consumo agrícola, a maior parte delas pertencendo a companhia portuguesa Cássio Guidon. Os locais hoje conhecidos como bairro Barcelos e Laboriaux pertenciam respectivamente a Companhia Cristo Redentor e a outra companhia francesa. A ação do poder público na Rocinha com maior repercussão nesta época foi a atuação de guardas sanitários no sentido de controlar uma infestação de mosquitos que estava causando febre amarela em toda a Barra da Tijuca.
A via de acesso à Estrada da Gávea foi asfaltada na década de 20, o que acelerou o processo de ocupação do morro. A partir dos anos 1950 aumentou a migração de nordestinos ao Rio de Janeiro, principalmente direcionados para a Rocinha. Entre 1960 e 1970 houve o segundo período de expansão, motivado pela oferta de emprego a partir da construção dos túneis Rebouças e Dois Irmãos, com o objetivo de melhorar a integração da cidade. A população da Rocinha, a partir de então, foi caracterizada como de procedência predominantemente nordestina, apesar de haver uma migração significativa também vinda do estado de Minas Gerais e do interior do estado do Rio.
O descaso do governo com a comunidade, expresso na falta de infra-estrutura, degradação da floresta, crescimento desordenado, falta de água, luz e saneamento básico, e acesso precário à saúde e à educação, impulsionaram reivindicações por parte dos moradores ao longo de toda a história da Rocinha. A partir da década de 70 as discussões de grupos organizados visando ao desenvolvimento da comunidade se fortaleceram, e algumas destas lutas reverberam em conquistas. A força de mobilização comunitária organizada em mutirões e manifestações, conquitou resultados como a implantação de creches, escolas, de um jornal local, uma passarela, centros comunitários, o Núcleo da CEDAE -Companhia Estadual de Águas e Esgotos-, a Região Administrativa, uma agência de correios, dentre outros equipamentos sociais, e algumas melhorias urbanas como a canalização de valas de esgoto. Em 1982 foi criado o Posto de Saúde Albert Sabin, graças a canalização de um valão realizada acionada pela iniciativa dos próprios moradores.